Figueira Nova

A Fazenda Figueira Nova tem 84 hectares de chão com nome, com água, com memória. Parte dessas terras está preservada por lei, outra por gratidão, e o resto está em constante produção e reinvenção. Mas tudo é parte do mesmo corpo — tudo é herança viva.

A propriedade é cortada de ponta a ponta pelo Ribeirão Santa Ignácia, que nasce nas terras do meu pai. Ali mesmo, dentro da Figueira Nova, ele encontra dois outros cursos: o Córrego São João e o Catingueiro. Juntos, seguem em direção ao Tamanduazinho. É um encontro de águas, sim — mas também de histórias. Toda essa confluência acontece no nosso quintal.

É terra quente, dessas que queimam o pé em janeiro, que fritam o pasto em setembro. Mas de vez em quando, sem pedir licença, vem uma geada traiçoeira. O campo acorda coberto de branco e o gado olha pra você como quem pergunta: "e agora?". É terra dura, sim. Mas também é fértil, generosa e teimosa como a gente que ficou por aqui.

O que dá nessa terra? Cana, antes de tudo. Depois, gado, cavalos, milho, soja, amendoim. Tem plano de feno. Tem sonho de fruta. Tem árvore plantada pra dar sombra, sim, mas também pra dizer que o amanhã está garantido.

Essa terra já teve olaria, moinho, roda d'água, estação de trem e uma capela dedicada a Santo Antônio. Hoje, tudo isso ainda vive — em forma, em traço, em lembrança. Desde 2020, a estação virou altar, e a Figueira Nova também virou santuário.